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Descrição das experiências e percepções, durante a vivência da prática de Saúde Mental.

Ao iniciar os estágios de Psicopatologia no CAISM, imaginava me encontrar com pacientes que estivessem agitados, isolados de contato uns com os outros ou, até mesmo, em quartos fechados. Temos padrões e regras em nossa sociedade atual, e todas as pessoas que não estão neste enquadramento assim são eles rotulados como loucos, mas para nós Psicólogos essas pessoas por algum motivo desenvolveram alguma psicopatologia como, os esquizofrênicos, maníacos, depressivos, mas que para sociedade é visto como ser diferente que precisa ser isolado e retirado do convívio dos outros, então por certo padrão social, muitas pessoas acreditam que pessoas com algum desajuste no comportamento é necessário o isolamento. Até mesmo na palestra inaugural, quando os funcionários e supervisores, falavam dos pacientes e regras do local, causou um pouco de apreensão.

Mas com as aulas de Psicopatologia e com estágio, a minha visão padronizada no senso comum mudou, ao entrar na instituição psiquiátrica CAISM, notei que os pacientes que possuem uma psicopatologia circulam livremente, interagem entre si e com os funcionários, até mesmo conosco.

No primeiro contato, ficava imaginando como seria a conversa, o que pode ou não perguntar, como abordar um paciente, só que depois quando a supervisora começou a conversar com um paciente, surgiu de uma conversa informal, sem roteiros, sem ser invasiva ao paciente. E como abordá-los, ao entrar eles já começam a olhar de uma maneira diferente, pois sabem quem você é, não como pessoa, mas sim como estagiários e supervisor, começam a fazer perguntas, e querem conversar.Embora todos estivessem medicados, alguns pacientes possuem parte da sua memória preservada, quando conversamos com eles, conseguiam responder perguntas como nome completo, idade,onde mora, o que gosta de fazer, sobre a família e como chegou a instituição, assim é uma maneira que podemos observar o pensamento, a consciência, a atenção, se está orientado, o pensamento, a linguagem e na possível psicopatologia apresentada por eles.

No segundo dia de estágio na Instituição, conhecemos a história de M. um jovem universitário de 23 anos, que ao entrar na faculdade USP no curso de gestão ambiental, apresentou crises em seu comportamento, começou agredir os amigos pela internet em sites de relacionamento com xingamentos, criou um blog para expor suas ideias e reflexões, porém os textos estavam escritos sem coerência, desorganizado, assim M. foi internado no CAISM. A conversa com ele foi descontraída, pois a maneira como ele conversava devido às medicações, demonstrou interesse, falou sua opinião, foi ouvido, e trouxe ao grupo a seguinte questão, que todos imaginam que ali é um lugar de loucos, que vivem presos, sendo observados, e acrescentou que as pessoas lá fora vivem na sociedade, presas, sem tempo para cheirar uma flor, em situações de estresse, continuou dizendo que ali no CAISM o ambiente e outro, têm comida fresca e servida a toda hora, o espaço proporciona atividades e oficinas, campo de futebol fazendo uma comparação entre a situação de liberdade e com a vida no CAISM.

A partir dessa fala de M. e com base no que aprendemos e vimos na instituição, o conceito de saúde mental mudou, pois hoje o paciente é tratado com um pouco de respeito, dignidade, em todo o espaço como foi visto e dito pelo próprio paciente, busca integrar o paciente novamente com a sociedade, um ambiente em que ele possa se desenvolver e dar um novo sentido a sua vida, uma possibilidade de construir um novo.

Como aprendizado para minha vida pessoal, me possibilitou enxergar e entender a realidade dessas pessoas que ali se encontram, com outro olhar, que as psicopatologias existem de diversas maneiras e que, de certa forma, em cada um de nos habita uma seja a mania, a depressão só o que nos difere daquele que está internado é que eles não foram capazes de lidar com os seus conflitos internos por isso adoeceram. Posso dizer que como pessoa e profissional, a ida ao CAISM, o contato com os pacientes da instituição, me proporcionaram uma experiência enriquecedora que vou levar comigo, que é a sensação do novo, do desconhecido.

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